Uma startup brilhante, reconhecida no Vale do Silício, febre entre investidores e analistas de mercado, confrontada com o eminente fracasso devido a…
- Tecnologia ultrapassada?
- Finanças mal administradas?
- Estratégia falha?
Antes fosse. O problema, muito mais complicado do que parece, é a falta de trabalho em equipe.
Executivos de excelente padrão, porém totalmente desalinhados, falta de clareza de objetivos, interesses pessoais à frente dos interesses da empresa. Resumidamente: uma máquina quase perfeita, em que as engrenagens não se encaixam. Parece familiar, pelo menos em algum nível?
A realidade é que equipes quase sempre são disfuncionais, não importa se a nível executivo ou operacional. E o motivo é simples: equipes são formadas por pessoas, que possuem tanto qualidades quanto também falhas. Somos todos imperfeitos.
No livro “Os 5 desafios das equipes”, do autor Patrick Lencioni, somos introduzidos à história de uma equipe que poderia muito bem ser a minha ou a sua. Através da história de Kathryn, CEO contratada para tentar virar o jogo na DecisionTech, somos levados para dentro de salas de reunião com uma equipe de executivos altamente problemática. As lições são extremamente valiosas e o livro, muito leve de ler, daqueles que você facilmente devora em uma única sessão de leitura (ou duas). Vale a pena!
Somos levados a conhecer através de exemplos claros, as 5 disfunções que atrapalham fortemente as equipes. A seguir apresento de forma superficial cada uma delas e recomendo que realmente leiam o livro, que foi dica da Luiza Rubio, Head de RH da MaxMilhas.
Falta de confiança
A base para o trabalho em equipe é a confiança entre os membros do time. Para superar essa disfunção é necessário quebrar a necessidade de sermos invulneráveis.
A confiança vem da certeza de que os membros da equipe não possuem intenções excusas e que não temos motivos para ter reservas ou ficar na defensiva.
Os colegas de um mesmo time devem se sentir confortáveis para ficar vulneráveis na frente dos outros, tendo a certeza que suas fraquezas não serão usadas contra si próprios, o que permite que sejam muito mais abertos e verdadeiros, aumentando sua contribuição para o time.
A falta de confiança entre os membros de um time leva ao medo de conflitos ideológicos construtivos.
Medo de conflitos
Quando ideias não são colocadas e debatidas de forma aberta, muitas vezes surgem ataques pessoais, que são ainda mais destrutivos do que o problema que tentam evitar: o de não gerar desconfortos ou conflitos.
Essa falta de expresão de opiniões e preocupações, e a falta de debates, gera uma harmonia extremamente artificial. Imagino que alguma vez você já tenha participado de reuniões em que todos saem sorrindo, mas pensando muita coisa diferente por trás e nem um pouco alinhados com as definições.
Ainda temos a tendência de achar que conflito é algo negativo, mas ele é extremamente importante para que diferentes pontos de vista sejam colocados e debatidos, e para que os times cheguem a um ponto claro, gerando compromisso. De nada vale ter pessoas brilhantes em uma equipe que não se sentem confortáveis para expor suas opiniões.
Sabe aquela decisão que já deveria ter sido tomada e que volta a cada nova reunião? Pois é, não discutir de fato é muito menos eficiente do que debater o assunto, de uma vez por todas e com todos sendo ouvidos. Vale mais falar sobre tudo logo, mesmo gerando debates mais acalorados, do que ficar postergando escolhas ao tentar conciliar todas as visões e não ter embates.
Falta de comprometimento
Quando os times não debateram questões importantes adequadamente, ocorre a falta de compromisso, porque acontece uma ambiguidade em relação ao que ficou decidido entre todos, falta adesão.
Se as pessoas não falam suas opiniões e não se sentem ouvidas, elas naturalmente tendem a não se comprometer.
O objetivo aqui não é o consenso, que é prejudicial e ilusório, mas sim que de forma razoável todos sintam que tiveram parte nas decisões e estejam devidamente alinhados com elas. O compromisso vem de decisões claras e da adesão de todos os membros do time, mesmo daqueles que apresentaram opiniões opostas. Discordar e se comprometer é o caminho.
Temos que tirar mais um elefante da sala nesse sentido: muitos times tendem a querer tomar a “decisão certa” e, para isso, querem cada vez mais dados e análises, jogando para frente o que precisa ser feito. Tomar uma decisão com coragem, mesmo sendo errada, é melhor que postergá-la. Não existem certezas.
É importante frisar, mais uma vez, que quase sempre haverá discordância, mesmo após detabes riquíssimos, em que tudo é colocado na mesa. O objetivo não é chegar a um concenso e sim que todos sejam ouvidos. O líder ainda tem o papel de tomar a decisão final quando o coletivo não for capaz de fazê-lo, o que pode deixar alguém desconfortável, mas alinhado.
Evitar responsabilizar os outros
Chamar a atenção de um colega de trabalho não costuma ser agradável. Porém, quando você tem confiança, quando o medo de conflitos sai de cena, e quando todos estão comprometidos com os objetivos, responsabilizar o outro (assim como a si próprio) se torna muito mais natural, e é muito importante.
Evitar responsabilizar os outros leva a baixos padrões de performance. O próprio time precisa ser gestor dos seus objetivos e ter a capacidade, e abertura, de chamar atenção um do outro, para que as coisas realmente aconteçam.
Se todos possuem o mesmo plano…todos precisam manter altos padrões para atingi-los, não é mesmo?
Falta de atenção aos resultados
Existe uma tendência de busca por resultados e reconhecimento individuais, que faz com que os resultados da equipe, do coletivo, sejam colocados em segundo plano.
Sabemos que o ego existe, e que tem papel importante na vitória das empresas, mas o ego coletivo deve ser maior que os egos individuais.
Quando os objetivos são extremamente claros, todos devem ficar alinhados em uma única direção e sob a mesma métrica de sucesso, o que ajuda a não ressaltar o próprio status ou ego, já que todos sairiam perdendo.
Temos tendência a nos preocupar com outros objetivos que não sejam os objetivos coletivos do grupo. Devemos ter foco incansável em em objetivos específicos e resultados claramente definidos. Discordar e se comprometer é o caminho.